21.9.10

A valorização pela originalidade é reflexo do pensamento egoísta da sociedade atual.
A cobrança sobre os direitos de uma idéia é tão mesquinho quanto negar água ou comida.
A criatividade é o processamento do composto de referências  adquiridas ao longo da vida.
A beleza e valor de um produto(1) artístico é baseado em sua intenção.

Conseguir ter uma idéia já é algo intenso.

Conseguir que ela seja bem elaborada já é um tanto brabo.
Conseguir parir uma idéia já é um ato árduo. 
Conseguir executar perfeitamente é um caso raro.

O processo de construção é o caminho da intenção até o parto.
Uma idéia nasce, cresce, se desenvolve, reproduz e morre também.
Se transforma quase num organismo vivo, uma personificação do metafísico.
Andam, se comunicam entre si, articulam e interferem, ocupam espaço, mas não têm volume.

Não somos Deuses geradores e portadores de universos.
Somos matéria modulares e cambiantes de universos secionados.  

Viemos do do Eu, do Tu, do Ele do Vós. Do Ela, Você do Nóis e do Ja é.
Somos feito negros, pardos, brancos, feios, gordos, homos, guetos, marrentos, churrasqueiros, bonitos e manés.
E todo e qualquer outro rótulo que possa e virá a existir.

O egoísmo é abrir mão disso tudo.
Desrespeitar a natureza das coisas, desmerecer a contribuição do tudo.

Nenhuma idéia é só sua.
Nenhum pensamento é só seu.
No meu peito existem milhares de almas.
No seu cérebro existe um pedaço do meu.



(1) ( produzir, construir, gerar, parir, ou qualquer outro nome semelhante )

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