Gosto do cinzento, do seco, da pedra, da nevoa e do torto.
Do cheiro suado que vem do esgoto.
Da mata morrendo, do gado sedento e do gosto melado do estrume de porco.
Gosto da tragédia, do cotidiano, da hipocrisia.
Do podre, recalque, maltrato e azia.
Da velha caquética, o gordo abobado e a louça que entope o ralo da pia.
Prefiro do tosco ao bem requintado.
Pior é o falso do que o requentado.
Faça-me o favor de sair pelo lado enquanto eu me faço de embriagado.
Sou meticuloso, leproso e otário.
Sou sem paciência, e todo sistemático.
Prefiro o silêncio, o lixo, o cano de merda que infesta o lençol-freático.
Sou moeda rara, esculpida errada em marmore de carrara.
Canalha, egoísta, metido e de marra.
arrepio
ResponderExcluir